Desde o início dos tempos a Lua está associada ao feminino e à Deusa. Os ciclos lunares e os ciclos menstruais regiam a passagem de tempo entre uma lua nova e outra. Através de suas fases, a lua reflete as mudanças que ocorrem no corpo e na natureza. Assim, a Deusa apresentava sua face Mãe, através da abundância e fertilização do solo e sua face escura, aquela que finalizava o ciclo para trazer nova vida.
Com o surgimento da sociedade patriarcal e a valorização da Sol e sua qualidades como a razão, força e consciência, a Lua e toda a sua cultura e percepção foram excluídas para as sombras sendo atrelada à escuridão, trevas, magia e desequilíbrio mental.
Este afastamento da natureza ciclica do ser humano nos fez perder o conhecimento e aceitação do processo natural de vida-morte-vida, representada pela face escura da Lua. Uma vez que esta nova cultura exacerba a produção desenfreada, a disponibilidade e felicidade ininterruptas, desaprendemos a nos recolher, a nos voltar para o nosso interior e silenciar. Mudamos a nossa maneira de enxergar os desafios e percalços da vida. Não conseguimos mais nos conectar com os nossos ciclos, com nossas perdas e momentos de reclusão, não nos renovando para a continuação da vida. Vemos hoje adultos e jovens despreparados para enfrentar o menor dos problema, sem uma consciência emocional.
Essa cultural patriarcal também repercutiu no ciclo menstrual feminino, onde a mulher se sente envergonhada, reclusa e sozinha, sem a liberdade de vivenciar este período. O sangue mensal é visto como problema, momento em que suas emoções estão “mais loucas” e o que resta é ignorar esse momento e disfarçar suas emoções. A falta de vivência de cada fase do ciclo feminino acarreta uma desenfreada batalha com o nosso corpo através de cólicas, dores de cabeça, inchaços, descontrole emocional, fadíga, insônia etc. A mulher necessita física e mentalmente respeitar o seu ciclo, entender que não conseguirá ser super produtiva, criativa, atlética, sensual, maternal o tempo todo. Saber escutar e respeitar esse indicadores, tendo novamente uma consciência lunar, é um dos nosso grande desafios nos dias de hoje.